Aprendendo com um relato bíblico I
Texto base: Marcos 3:20-35
Como toda as Sagradas Escrituras, o texto em causa, enquanto palavra de Deus, traz um relato capaz de ensinar, repreender, discernir os mais íntimos pensamentos; tal qual espada afiada, pode separar juntas de medula e o espírito da alma, tamanho grau de penetração nas profundezas do nosso ser que possui. No tocante ao texto sobre o qual meditaremos, em um movimento inusual, começaremos do fim para o início.
³² E a multidão estava assentada ao redor dele, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos te procuram, e estão lá fora. ³³ E ele lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos?³⁴ E, olhando em redor para os que estavam assentados junto dele, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos. ³⁵ Porquanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã, e minha mãe.
Ao contrário do que muitos podem pensar, em seu início de ministério, aos 30 anos, membros da própria família de Jesus não davam crédito à sua mensagem. Certo dia, enquanto estava no interior de uma casa repleta de pessoas ouvindo suas pregações, foi ele avisado de que sua mãe e irmãos estavam do lado de fora o procurando. Sabendo, o Senhor, de suas intenções, olha para as pessoas que estavam a seus pés e lhes pergunta: Quem são meus irmãos e quem é minha mãe? Minha família é formada por todos aqueles que ouvem a minha palavra e a colocam em prática.
Os versículos sob análise nos mostram com diáfana clareza ao menos dois importantes pontos que devem ser compreendidos por todos aqueles que desejam apregoar o Evangelho: Primeiro, Jesus possuía irmãos – e de fato, também irmãs, conforme podemos ver em Mateus 13:56; a doutrina Católica, a despeito do relato bíblico, apregoa que Jesus era o único filho de Maria, a qual, após o nascimento deste, sobrenaturalmente tornou-se novamente virgem, mas o que vemos, em realidade, é que ela teve vários filhos e filhas. Segundo, Maria, tal qual qualquer pessoa, não era infalível, pois percebemos o grande equívoco que experimentou ao não dar crédito à pregação do filho de Deus. Este ponto é importante de ser ressaltado porque a Igreja Católica imputa a Maria um caráter divino, portanto digno de ser de algum modo adorada e idolatrada; porém, as Sagradas Escrituras são categóricas quando dizem que Deus não aceitar dividir sua glória com ninguém.
28 Na verdade vos digo que todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, e toda a sorte de blasfêmias, com que blasfemarem; 29 Qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas é culpado do eterno juízo 30 (Porque diziam: Tem espírito imundo).
Esses versículos abordam o pecado da blasfêmia contra o Espírito Santo, e o conjunto do texto deixa-nos inteirados por completo acerca do que se trata esse tão temível pecado que não pode em absoluto ser expiado. Com base no relato bíblico, compreendemos que blasfemar contra a terceira pessoa da Trindade significa atribuir a Satanás aquilo que manifestamente vem de Deus.
Os escribas e fariseus, movidos por inveja (conforme nos aponta o Evangelho de João), não estavam se comprazendo de ver que Jesus era seguido e ouvido por multidões. Diante disso, para dissuadi-los de acompanhar o Senhor, atribuem as obras miraculosas, em especial à expulsão de espíritos imundos, ao próprio Belzebu. Ao praticar semelhante atitude os religiosos da época estavam conscientemente se posicionando contra o próprio Deus, não contra pessoas.
Desde sempre muitas pessoas se passam como se estivessem sendo usadas por Deus para falar ou agir de determinada maneira, vemos também tal comportamento em profusão nos falsos profetas relatados pela Bíblia. Quando um suposto profeta, todavia, falar, devemos ouvir atentamente e confrontar com as Sagradas Escrituras (1 Coríntios 14:29-30); se estiver de acordo, aguardamos o cumprimento para testificar que é de Deus; se não, devemos peremptoriamente descartar. Por outro lado, termos ciência que determinada profecia ou atitude provém de Deus e, inobstante, atribuirmos ao Maligno, incidirá no gravíssimo pecado da blasfêmia contra o Espírito Santo.
²⁵ E, se uma casa se dividir contra si mesma, tal casa não pode subsistir.
Ao ser acusado pelos religiosos de que estava expulsando demônios pelo poder dado por Satanás, Jesus lhes questiona, à vista das pessoas, como um reino que se dividisse contra si mesmo poderia subsistir. Prosseguindo sua declaração, assevera que uma casa não pode se dividir contra si mesma, pois incorrerá no risco iminente de se dissipar.
Se mesmo no reino das trevas deve haver organização, uma certa união, o que dizer do que se passa em nossas casas! É verdade que, conforme suas próprias palavras, o Senhor não veio para trazer a paz, senão a espada, mas isso no tocante ao Evangelho. Se filhos se voltarão contra pais, pais contra filhos, um cônjuge contra o outro, deve ser pela causa maior que é o Reino de Deus. Ainda assim, essas discordâncias têm o intento de levar à paz verdadeira.
²¹ E, quando os seus ouviram isto, saíram para o prender; porque diziam: Está fora de si.
Conforme já foi dito, no início de seu ministério a própria família biológica do nosso Senhor não lhe dava crédito, chegando ao ponto de pensarem que ele estava louco, devendo ser preso.
Na maior parte das vezes, antes de sairmos para fazer a obra de Deus aos de fora devemos dar bom testemunho aos olhos dos de casa. Porém, em certas situações acontecerá a nós o que se passou com o nosso Senhor Jesus. Assim como Ele, pode ser que apenas ganharemos os do nosso círculo mais próximo após empreendermos uma jornada em direção às demais pessoas.
A profundidade dessa revelação de Deus expressa, mediante relato das pegadas do Mestre, assenta-se na possibilidade de que aquele familiar que tanto hesita em se submeter à vontade divina necessite ver que Deus está com você antes que ele mesmo se junte a você. Quando, enfim, perceber que Deus é contigo, ele, então, não terá dúvidas de que deve estar do seu lado, que é o lado certo, o lado da salvação eterna!
Comentários
Postar um comentário