Nossa maior Esperança em Cristo

 

Texto base: 1 Coríntios 15:30-34

A igreja de Corinto era uma congregação de irmãos em Cristo nada monótona. A agitação chamava muito a atenção, pois possuía vieses positivos como negativos. Era uma igreja assaz versada nos dons do Espírito Santo, no entanto via-se que a condescendência com o pecado em muitos aspectos saltava aos olhos.

Nesse capítulo de número 15, especificamente, o apóstolo Paulo aborda uma falácia que estava se disseminando entre os próprios membros da congregação: A impossibilidade da ressurreição. Em virtude de se constituir conceito central na fé cristã, o apóstolo não economiza palavras para esclarecer esse assunto.

³⁰ Por que estamos nós também a toda a hora em perigo?

Paulo lança a questão acima aos coríntios que negavam a ressurreição. Como se lhes perguntasse: Se não há ressurreição, por que razão abriríamos mão de todas as benesses carnais que esse mundo oferece? Se não há esperança de uma vida eterna vindoura, vale mesmo a pena me colocar em posição de luta contra o sistema mundano, apregoando uma fé que me expõe continuamente a perigos os mais diversos? Sabendo que as palavras de Deus são loucura para o mundo, seria proveitoso insistir numa prática que em muitos aspectos fustiga a minha reputação?



³¹ Eu protesto que cada dia morro, gloriando-me em vós, por Cristo Jesus nosso Senhor.

Viver para o Evangelho ocasiona morrer para o mundo, pois não se pode ser – a um tempo - amigo deste e amar a Deus (Tiago 4:4). Paulo, em tom de desabafo, expõe parte de suas aflições enfrentadas diariamente por levar as Boas Novas às pessoas. No versículo 19 deste capítulo ele chega a dizer categoricamente que se nós esperarmos em Cristo apenas para esta vida, seremos as pessoas mais infelizes do mundo.

De fato, abrimos mão de deleites muito apetitosos à nossa carne por amor à causa do Evangelho, ansiando um dia encontrarmos graça aos olhos de Deus e morarmos no Céu, pois neste lugar, conforme nos está prometido (Apocalipse 21:4), não haverá morte, nem choro, nem dor, mas apenas paz e gozo eterno. Diante disso, em não havendo expectativa acerca do porvir, verdadeiramente toda privação vivenciada pelos cristãos seria não apenas vã, como também desvairada.



³² Se, como homem, combati em Éfeso contra as feras, que me aproveita isso, se os mortos não ressuscitam? Comamos e bebamos, que amanhã morreremos.

Muitos cristãos, à época de Paulo, mas sobretudo alguns anos após sua morte – quando a perseguição recrudesceu substancialmente – foram mortos em decorrência de professarem a fé em Cristo. Primeiro essa perseguição proveio dos judeus, seja diretamente por meio de emboscadas, espoliações e prisões, seja indiretamente quando eles influenciavam os gentios a efetuarem esse perseguição. Depois, os ataques aos cristãos começaram a partir dos próprios gentios, dentro do império romano, fruto de uma religiosidade que supostamente enfraquecia o poder do imperador.

Por causa dessa perseguição, cristãos eram devorados publicamente por feras dentro de arenas, amarrados a postes onde serviriam de iluminação pública após terem seus corpos embebidos em óleo para serem consumidos por chamas, e mesmo sendo lançados ao fundo do mar com grandes pedras amarradas a si como consequência de não negarem a fé em Jesus Cristo.

Se não houvesse a esperança da ressurreição, a submissão a todos esses atos estaria destituída de sentido, sendo com maior razão tidos como a manifestação de uma loucura estapafúrdia do que convicção solidamente fundamentada. Em tal caso, com toda razão seriam melhor se entregar aos prazeres carnais, comendo e bebendo, buscando com todas as forças saciar aos desejos da carne.



³³ Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes.

É interessante observar que nosso Senhor, enquanto levava a cabo seu ministério, andava com os piores pecadores aos olhos do povo: Prostitutas e publicanos. Por essa razão, muitos fariseus se escandalizavam, chegando a questionar como um homem se dizia proclamar a palavra de Deus e ao mesmo tempo se ajuntar com gente tão imunda.

Ocorre, porém, que embora Jesus andasse com tais grupos de pessoas, Ele não se deixava influenciar por elas, mas as influenciava. Por essa razão, o tão conhecido ditado popular, segundo o qual “as más companhias corrompem os bons costumes” é falso.

Se, no entanto, andarmos com pessoas que exibem determinadas práticas condenáveis e não mantivermos com elas uma comunicação saudável e santa, nesta situação deixaremos de cumprir nosso papel enquanto cristão. Deus elegeu seu povo a fim de que seja cabeça, e não cauda; isto é, que sejamos influenciadores, não influenciados.

Sendo assim, não há problema algum em estar na companhia de certas pessoas, contanto que estejamos portando de modo a sermos bons exemplos para elas, conduzindo-as a Cristo Jesus.



³⁴ Vigiai justamente e não pequeis; porque alguns ainda não têm o conhecimento de Deus; digo-o para vergonha vossa.

Devemos sempre estar vigilantes a fim de que não sejamos seduzidos por uma doutrina que colide com o Evangelho. Enquanto corpo de Cristo, essa atenção deve ser voltada também para nossos irmãos, com vistas a instruí-los sempre que preciso de maneira que haja fortalecimento mútuo da fé.

A falácia da impossibilidade da ressurreição teve origem dentro da congregação de Corinto, motivo pelo qual Paulo repreende toda a igreja por permitir a irrupção e disseminação de uma ideia que confronta a principal promessa do cristianismo – pois conquanto sejamos abençoados enquanto aqui vivemos com curas, livramentos, fortalecimentos, capacitações várias e prosperidade, um dia, por limitação de nossa estadia nessa vida, tudo isso irá acabar, permanecendo incólume a expectativa da ressurreição à semelhança de Jesus Cristo.

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