Pedindo, Buscando, Batendo

 

Mateus 7:7-11 (principal), Mateus 6:8, Jeremias 29:13

Em Mateus 7:7 percebemos que há três frases expressas centradas em três verbos, quais sejam: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á”. Muitos estudiosos concordam que a melhor tradução para tais verbos os colocaria no gerúndio, para indicar uma ação contínua. Assim escritos, teríamos, escritas as frases em português comum: É pedindo que se recebe; buscando, que se encontra; batendo à porta, que ela se lhe abrirá. Analisaremos o significado de cada uma delas no que se segue.

A primeira delas: É pedindo que se recebe. Se Deus sabe de antemão aquilo de que precisamos, antes mesmos de dirigirmos a ele nossos pedidos (Mateus 6:8), e ele é bom, muito melhor que o mais bem-intencionado de nós (Mateus 7:11), por que devemos nos dirigir a ele com uma petição? Por que, necessitando de algo, devemos pedir para que possamos recebê-lo? A resposta é que o propósito da oração não é para informarmos a Deus aquilo que carecemos, muito embora somos estimulados e de fato fazemos isso, mas para nos preparar a nós mesmos para receber as bençãos que nosso Pai deseja nos conceder. De fato, olho nenhum não viu, ouvido jamais ouviu, mente nenhuma imaginou aquilo que Deus preparou para aqueles que o amam (1 Coríntios 2:9).

Tal resposta, porém, suscita outra pergunta: O que significa dizer que “devemos estar preparados para receber as bençãos”? Explico. Se a maioria de nós recebesse aquilo pelo que rogou após ter feito um único pedido, não daríamos tanto valor ao que recebemos. Sucede que, psicologicamente, valorizamos o que obtemos com maior dificuldade; assim como ouro é mais valioso que o alumínio por ser mais difícil de ser encontrado na natureza. Há, em complemento, uma tônica do início ao fim da Bíblia segundo a qual necessário se faz que a glória de Deus se manifeste em nossas vidas; e ele não admite dividi-la com ninguém. Em acréscimo, uma outra razão por que devemos, na maioria das vezes, perseverar nos pedidos por algum tempo, é que essa atitude funcionará como um filtro para os pedidos que realmente importam para nós; caso não sejam suficientemente relevantes, não insistiremos em dirigi-los a nosso Pai. Se, contudo, realmente forem imprescindíveis, depois de terem sido atendidos saberemos o endereço exato de onde suas respostas vieram, visto que a persistente insistência anterior tornará vívida a memória posterior.

Segunda frase: Buscando, encontraremos. Não basta pedirmos, devemos buscar. E isso implica procurar, nos mobilizar, correr atrás. Mas como, com que postura? Deus o disse, pela boca do profeta Jeremias (Jeremias 29:13): Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o coração. Buscar de todo coração significa empregar todas as nossas forças para alcançar o que queremos; não fazemos assim se desejamos algo que, para nós, é de menor importância. Muitas vezes nos pegamos perguntando a nós mesmos por que motivo Deus só entra com providência em situações críticas. Ocorre que apenas nesses casos verdadeiramente esperamos no Senhor, confiamos inteiramente nele; não fosse desse jeito, haveria o risco de atribuirmos o recebido a algo ou alguém diverso de Deus, ou, quem sabe, dividirmos a glória do Pai com outra entidade. Isso é inadmissível!

Finalmente: Batendo à porta, ela se abrirá. Não faz necessário bater numa porta que já esteja aberta; com isso, nosso Senhor nos adianta que de início, embora pedindo, apesar de buscar, nos depararemos com uma porta fechada. Outrossim, mesmo fechada, não batemos a uma porta a qual não esperamos que abra; a fé, nesse caso, se manifestará pela esperança de que seja aberta, pois quanto maior for, tanto maior será o tempo em que nos dedicaremos a bater à porta.



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