Predileção pelos Domésticos da Fé

 Texto base: Gálatas 6:10

 

No versículo sob análise, lemos: Então, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé.

Chamaremos a atenção para alguns aspectos contidos nesse excerto da carta do apóstolo Paulo aos gálatas. O primeiro deles diz respeito à exortação a fazermos o bem. Mas a quem? A este ou aquele, em particular? Apenas aos irmãos da igreja? A todos os cristãos, mas apenas a estes? Somente às autoridades, ou, ao contrário, apenas aos menos influentes? A resposta é: a todos, sem exceção – a ímpios e piedosos, a gregos e bárbaros, a conterrâneos e estrangeiros, tanto a fiéis quanto a infiéis, aos de casa e aos de fora, aos de igreja e aos desigrejados.

            Dado que a fala de Paulo a fazermos o bem a todos encontra-se no modo imperativo, pode-se entendê-la como mandamento. Diante disso, enquanto cristão, desejoso em ser imitador de Cristo, deverei me esforçar para que a todo o tempo, o tempo inteiro, esteja envolvido em obras de caridade ou praticando gestos de bondade? Não poderei deixar passar um dia sequer sem ter feito alguma beneficência? Bem, penso que não. Entendo que a expressão enquanto temos tempo utilizada pelo apóstolo tem o sentido de quando tivermos oportunidade. Com efeito, ele mesmo recomendou, em sua carta aos filipenses, verso 6 do capítulo 4: Não estejais inquietos por coisa alguma; nem pelo que comer tampouco pelo que vestir, conforme o que o Senhor falou em Mateus 6:25. Ao escrever por coisa alguma, entendo significar coisa alguma mesmo! Nada! Nem mesmo quanto à pregação do Evangelho. Sendo assim, praticarei o bem a todos sempre que se me aparecer uma oportunidade.

            O outro aspecto a ser esmiuçado se prende à classificação das pessoas em dois grupos. Em um primeiro momento Paulo nos insta a fazermos o bem a todos, sem distinção, sem exceção; logo em seguida, ele ressalva que devemos dar primazia aos domésticos da fé – na NTLH essa expressão é traduzida como nossa família na fé. É, pois, lícito afirmar que, segundo esse critério, o grupo formado por todas as pessoas será composto por outros dois: um formado pelos indivíduos que comungam da mesma fé que nós, e outro constituído pelos restantes.

            Entretanto, de uma coisa sabemos: Deus não faz acepção de pessoas – E, se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor durante o tempo da vossa peregrinação (1 Pedro 1:17). Decorre disso que, em um caso hipotético, se tivermos duas pessoas necessitadas de alimentação, uma ao lado da outra, e dispusermos de apenas uma cesta básica, e soubermos de antemão que uma é cristã ao passo que a outra não, não penso que a atitude correta seria beneficiar à doméstica da fé em detrimento da outra. Em vez disso, repartiria os alimentos entre as duas.

            De que forma, então, a predileção declarada por Paulo se manifesta na prática? Encarando a todos que professam a fé cristã como membros de uma e mesma família. Embora tenhamos que fazer o bem a todos, sem distinção, a preocupação que temos com nossos parentes consanguíneos, em uma perspectiva secular, é sempre urgente. É inimaginável um filho padecer de fome ou a privação de outros recursos essenciais em decorrência de um mero capricho dos pais; estes não medirão esforços para amparar o filho, farão tudo o que lhe estiverem ao alcance. Creio que seja desta forma que devemos encarar os demais cristãos: como membros de nossa família.

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