Não julgueis...
Não
julgueis, para que não sejais julgados.
Porque com o juízo com
que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido
vos hão de medir a vós.
E por que reparas tu no argueiro que
está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu
olho?
Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do
teu olho, estando uma trave no teu?
Hipócrita, tira primeiro a
trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do
teu irmão.
Mateus
7:1-5
Há o menos dois pontos dignos de destaque nesses versos: o primeiro deles está relacionado à legitimidade de praticarmos, enquanto cristãos, alguma espécie de julgamento; o segundo se refere à projeção de problemas existentes em nós sobre outras pessoas.
É muito comum em nosso meio, sobretudo quando reprovamos o comportamento de determinada pessoa, ouvir a advertência: “Não julgueis”. Após isso, algumas vezes nos escusamos, argumentando que não estávamos, de fato, emitindo algum julgamento, mas apenas realizando constatações; via de regra, porém, nos calamos defronte tamanho constrangimento, uma vez que um tal pronunciamento respalda-se em passagem eminentemente bíblica.
Porém, considerando que julgar significa tomar uma decisão posteriormente a uma exame, o versículo primeiro do capítulo 7 do evangelho segundo Mateus desestimula os cristão a analisar as situações para, em sequência, tomar uma decisão? Absolutamente não. Com efeito, apreciando versículos mais adiante, mais especificamente, 15 e 16, nosso Senhor exorta-nos a nos acautelar acerca dos falsos profetas, afirmando que pelos seus frutos nós poderemos conhecê-los; dito de outro modo, analisaremos os frutos ou as práticas das pessoas que se dizem profetas, isto é, que se arrogam mensageiros de Deus, para decidirmos se são legítimos ou não passam de pessoas que agem fraudulosamente. Em fazendo isso, que outra coisa estaríamos perpetrando senão um julgamento?
Continuando a subsidiar a negação da falsa ideia de que nos é proibido proferir julgamentos, recorremos ao que Paulo escreveu a propósito de sua indignação com a igreja de Corinto pela razão de seus membros se demonstrarem inertes à solução de problemas que ocorriam entre eles:
Não
sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo
deve ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as
coisas mínimas?
Não sabeis vós que havemos de julgar os
anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida?
1
Coríntios 6:2,3
Derribada a concepção de que não somos capazes de emitir julgamentos concernentes a assuntos morais, irrompe-se inevitavelmente uma pergunta: Qual o propósito do Senhor ao pronunciar tão dura advertência? Para respondê-la, devemos prosseguir a leitura do texto. Assim procedendo, perceberemos que Ele a dirige aos hipócritas, nomeadamente, aqueles indivíduos que condenavam as pessoas por pecados que eles mesmos cometiam. A estes foi dito: “Não julgueis”.
No tocante ao segundo ponto, atentemos para a fala do Senhor: reparas tu no argueiro no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu. Examinando-a cuidadosamente, aprenderemos duas lições: (a) os problemas que notamos nas pessoas têm a mesma natureza, a mesma essência que aqueles que incrustam-se em nós, pois costumamos projetar nossos problemas em outras pessoas – de fato, o argueiro, assim como a trave, não são senão pedaços de madeira; (b) o problema daquele que julga invariavelmente é muito maior, aos olhos de Deus, que o defeito no julgado.
Portanto, aquela irmã que critica a mocinha pela razão de esta estar vestida por saia curta, deve considerar a situação que ela, a irmã, tivesse mesma idade e mesmo corpo que a mocinha, e indagar-se sobre a vontade de fazer o mesmo. O irmão que vive a desconfiar da mudança oriunda da conversão do outro, talvez não tenha passado pelo novo nascimento. Quem se sente feliz por ver um irmão ser flagrado em pecado, pode estar na verdade se sentido aliviado em não ser ele quem teve os erros desvelados.
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