Emulação
Discutiremos a respeito de uma das obras da carne listadas em Gálatas 5:19-21, encontrada especificamente apenas na tradução ARC: a emulação. Procurando em um dicionário pelo significado deste termo, encontraremos: Sentimento que leva um indivíduo a procurar igualar-se ou a superar outrem. A cobiça, ligada a tal obra, é depreendida de seu próprio significado – somos tentados pela cobiça de superarmos ou, ao menos, nos equipararmos às outras pessoas.
Muitos de nós somos tentados a nos manter, no mínimo, no mesmo patamar que aqueles que nos rodeiam, especialmente com quem estabelecemos relações mais firmes e duradouras de convivência – quase ninguém se importa com a prosperidade de alguém que esteja distante, mas o sucesso de um com o qual convivemos, perante nosso fracasso, algumas vezes nos corrói por dentro. Em alguns casos não se trata de inveja, porque o invejoso deseja possuir o que é de outra pessoa, ou sente um desgosto profundo pela felicidade alheia; o sentimento a que me refiro é aquele que tão somente leva uma pessoa a se movimentar, a não querer ficar para trás, e isto é emulação. Darei alguns exemplos para tornar claro o que quero dizer:
(a) A mulher que se esforça em cozinhar tão bem, ou melhor, que sua amiga, não para o menosprezo desta, mas porque sabe que é capaz de fazer melhor do que faz;
(b) O estudante que se empenha em tirar notas tão boas, ou melhores, que seu colega, não visando à diminuição deste, mas porque sabe que pode fazer melhor do que faz;
(c) O varão que prepara sermões pensando em atender as expectativas de uma igreja acostumada a ouvir excelentes pregações;
(d) A cantora que quer cantar tão bem quanto outra, não para o rebaixamento desta, mas porque sabe que pode fazer melhor do que faz.
Tudo isso, no entanto, nos parece inofensivo e até, de certa forma, proveitoso, quando não excedemos. De fato, quando Deus disse, pela boca do profeta Jeremias, “Maldito aquele que fizer a obra do Senhor relaxadamente” (Jeremias 48:10), quis significar que não podemos fazer as coisas do Senhor de qualquer maneira, mas da melhor forma que pudermos. Muitas vezes, tendo o outro como espelho, descobrimos que podemos fazer algo quando alguém o faz.
Problemas verdadeiramente começarão a surgir quando tais sentimentos desabrocharem quando de nossa relação com os não cristãos. Se a nossa relação com estes for tão próxima a ponto de os colocarmos no mesmo nível que os irmãos cristãos, passaremos a considerá-los como nossos pares; incorreremos no risco de tomarmos alguns como referência e modelo de conduta para nós mesmos. É nesse momento que:
(a) Aquele seu amigo, descrente, lhe induz a operar as mesmas práticas sujas que o levaram a prosperar;
(b) Seu colega de trabalho, incrédulo, bem-sucedido de acordo com os parâmetros do mundo, apresenta modos de agir que passam a ser modelo a ser seguido por você;
(c) Seu amigo de infância, inconvertido, lhe faz querer fazer as mesmas coisas más que ele.
Temendo a exclusão, com medo de não fazer parte do grupo, receando ser visto como um bobo, você finalmente se torna como eles. É por esta razão que a bíblia diz: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis” 2 Coríntios 6:14. Eles não seguem regras, são movidos pelos desejos do ventre, conforme aponta Filipenses 3:19: “O fim deles é a perdição, o deus deles é o ventre, a glória deles é para a confusão deles mesmos, que só pensam nas coisas terrenas”. Aqui os ímpios prosperam, mas a nossa cidade está nos céus, pois somos peregrinos em terra estrangeira. Aleluia!
Infelizmente não poucos acabam cedendo. Devemos resistir, mergulhar nas águas do Espírito e morrer para este mundo. Bradaremos: “Nós não somos deste mundo, pelo que ninguém irá nos impedir de mergulhar nas águas do Espírito, alcançar as suas profundezas. Grite, ó ímpio! Pode gritar! Grite até perder a voz! Já fiz minha escolha: eu sou de Jesus!”. Louvado seja Deus!
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