Embriaguez de bençãos

Analisemos o que está escrito em Gênesis 9:20-21a: “E começou Noé a ser lavrador da terra e plantou uma vinha. E bebeu do vinho e embebedou-se.” Chuvas torrenciais e ininterruptas durante 40 dias e 40 noites fizeram com que toda a Terra estivesse debaixo d’água. Cessados esses dias, vários meses se passaram até que a água baixasse e voltasse a níveis normais, possibilitando a saída não apenas de Noé, sua esposa, filhos e as esposas destes, como também dos animais que estavam confinados dentro da arca. Com o solo ainda úmido, Noé planta uma vinha; tendo esta produzido muitos frutos, propiciando uma colheita abençoada, decide em seu coração fabricar vinho, e com este se embebeda.

A ordem dada por Deus a Noé e sua família foi: “Multiplicai-vos”. Sendo o grupo remanescente de humanos, é razoável pensar que tudo que empreendiam era abençoado por Deus. Se os frutos de uma plantação são naturalmente bençãos do Pai, quão grande deve ter sido a produção da primeira vinha plantada por Noé! Seguramente bençãos em abundância. Tantas, que deram ocasião para Noé embriagar-se, impossibilitando o agradecimento consciente e racional por tê-las recebido. A atenção foi desviada do Provedor para a provisão. É lícito dizer que é Deus, mediante as bençãos por ele concedidas, o culpado pelo desvio de foco de Noé? De maneira nenhuma! Que culpa tem o Criador se o homem faz mal uso do que é entregue em suas mãos?

Paulo diz, em Romanos 15:4, que tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito. Hoje em dia muitos de nós nos comportamos similarmente a Noé: embriagamo-nos com bençãos recebidas, e nos esquecemos de quem as concedeu. Provavelmente alguns dirão: “Como assim? Nem videiras plantamos para que com seus frutos pudéssemos nos embebedar.” Insensatos! Porventura somos presenteados por Deus apenas desta forma? Ou será que o trabalho, do qual retiramos o pão de cada dia, também não o é? Até mesmo com a família, instituição criada e abençoada por Deus, podemos estar nos embriagando, pois está escrito em Mateus 10:37: “Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim, não é digno de mim.” Um número maior de exemplos poderia ser citado, mas creio não ser necessário fazê-lo. Finalizo com Mateus 7:21: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no Reino dos Céus, mas apenas aquele que faz a vontade do Pai, que está nos Céus.” E a vontade do Pai é que o amemos de todo o nosso coração, de todo a nossa alma, com todo o nosso entendimento e com todas as nossas forças.

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