A Justiça de Deus

Texto base: Romanos 10

Verso 1: Irmãos, o desejo do meu coração e a minha súplica a Deus em favor deles é para que sejam salvos.

 

O apóstolo Paulo, em sua carta aos cristãos que residiam em Roma, expressa-lhes o desejo de que seus compatriotas judeus sejam salvos por Deus. É interessante pontuar que ele não apenas desejava, como também dirigia a Deus súplicas em favor da conversão.

Jesus, nosso Senhor, foi condenado à morte pelos judeus – ainda que Pilatos não visse nele dolo algum, de certa forma relutando a tirar a vida de um inocente, por pressão dos religiosos judeus Cristo foi crucificado. Foram os judeus que apedrejaram até à morte Estêvão, fazendo deste o primeiro mártir cristão. Na segunda carta aos Coríntios (2 Coríntios 11:22-33), Paulo se queixa da ferrenha perseguição levada a cabo pelos judeus contra ele por causa do testemunho de Cristo.

Enfim, mesmo diante de tantas razões para fazer e pensar diferente, Paulo anelava ardentemente a conversão daqueles que o maltratavam, machucavam, perseguiam, humilhavam, açoitavam; daquelas pessoas que intentavam de todas as formas lhe tirar a vida. Paulo orava por eles.

Verso 2: Porque dou testemunho a favor deles de que têm zelo por Deus, porém não com entendimento.

 

Paulo reconhecia, porém, que os judeus tinham zelo por Deus, porém o serviam da forma errada. Tinham uma compreensão equivocada das Escrituras Sagradas, interpretavam-na sem a necessária orientação do Espírito Santo.

Quantas intrigas são criadas entre cristãos pelo fato de fazerem diferentes intepretações da Bíblia? Quantas rixas há entre grupos de pessoas que se denominam cristãs por não compreenderem passagens das Sagradas Escrituras da mesma forma? Há casos em que diferenças de entendimento ocorrem dentro do mesmo ministério.

Vemos Paulo orando a Deus pela salvação daqueles que tinham uma compreensão equivocada da vontade divina. Ele não se opunha, tão somente; mas rogava ao Todo-Poderoso mudança de mentalidade.

Versos 3-4: Desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça que vem de Deus. Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê.

 

Os judeus não se sujeitaram à justiça de Deus, ao contrário, procuraram criar e seguir sua própria justiça. Mas que é justiça? Justiça se refere ao conjunto de preceitos e ordenanças, explícitas ou implícitas, que nos orientam a fazer o que é certo, por ser o certo, e a não fazer o que é errado, por ser errado.

Os judeus preferiram fazer o que eles entendiam que era o certo, e não o que Deus colocava como certo; e a não fazer o que eles entendiam que era errado, não o que Deus definia ser errado.

Paulo é categórico ao dizer que o fim, isto é, o propósito, da lei é Cristo. É Jesus quem determina o certo e o errado; é Jesus, através do Espírito Santo, que guia e orienta a Igreja; é a fé em Jesus, e a atitude de colocá-lo como Senhor, que nos justifica.

Verso 5: Ora, Moisés descreve assim a justiça que procede da lei: "Aquele que observar os seus preceitos por eles viverá."

 

A justiça que procede da Lei, e não de Jesus, é uma justiça que coloca fardos sobre nossas costas, dizendo-nos: Não toque nisso, não coma aquilo, não manuseie isso outro; guarde este dia e festeje naquele (Colossenses 2).

 

A justiça que procede da Lei é composta por um sem-número de preceitos dizendo-nos o que devemos fazer e de que devemos nos abster. Se descumprirmos um sequer deles, tornamo-nos réu de toda a Lei.

 

A justiça que procede da Lei impõe-nos restrições e proibições. Todo aquele que visa observar seus preceitos, passa a viver por eles pelo receio de os transgredir. A verdade é que ninguém é capaz de cumprir a Lei, pois a Bíblia declara categoricamente que não há um justo, nenhum sequer.

 

Versos 6-7: Mas a justiça que procede da fé afirma o seguinte: "Não pergunte em seu coração: Quem subirá ao céu?", isto é, para trazer Cristo lá do alto; ou: "Quem descerá ao abismo?", isto é, para levantar Cristo dentre os mortos.

 

Aquele que observa os preceitos da Lei vive não apenas para guardar-se de tropeçar em quaisquer deles, mas também procurar se regozijar através da comparação com as pessoas ao seu redor. Olhando para elas, cogita em seu coração: Quem subirá ao céu, isto é, quais delas serão salvas? Quem descerá ao abismo, ou seja, quais delas irão para o inferno?

 

A pessoa que vive a justiça que procede da Lei é incansável em apontar defeitos e falhas no próximo, pois lançando luz sobre as máculas do outro as suas próprias manchas são ofuscadas. O seu contentamento está em criticar destrutivamente as outras pessoas, já que ela mesma não consegue cumprir os preceitos e regras que segue.

 

Em oposição, o justificado pela fé em Cristo não mergulha em cogitações como essas: Fulano vai para o Céu, ao passo que Beltrano irá para o Inferno. Ele não olha e se alegra com as falhas e erros do irmão, mas procurar ajudá-lo a se consertar e testemunhar dignamente aquele que morreu por nós na cruz. O justificado, quando estiver no Céu, não baterá no peito como que se orgulhando da salvação que ele mesmo conquistou, mas se encontrará profundamente grato a Jesus, por cuja obra ele foi salvo.

 

Verso 8: Porém, o que se diz? "A palavra está perto de você, na sua boca e no seu coração", isto é, a palavra da fé que pregamos.

 

O justificado pela fé em Cristo sabe que a palavra das Boas-novas está com ele, em seu coração e em sua boca, pelo que ele irá proclamá-la a fim de que outros sejam libertos pela Lei de Cristo.

 

Versos 9-10: Se com a boca você confessar Jesus como Senhor e em seu coração crer que Deus o ressuscitou dentre os mortos, você será salvo. Porque com o coração se crê para a justiça e com a boca se confessa para a salvação.

 

Somos salvos pela graça de Deus, mediante a fé; isto é, a salvação é um presente que Deus nos concede, e do qual tomamos posse através da fé em Cristo.

 

Paulo nos diz nesses versos o que é preciso, de nossa parte, para que sejamos salvos: Primeiro, confessar com a nossa boca que Jesus é nosso Senhor. Essa confissão, obviamente, pressupõe-se sincera, e não apenas da boca para fora. Se confessarmos que Cristo é nosso Senhor, então devemos de igual modo colocarmo-nos na condição de servos. Assim como todo servo procura agradar a seu senhor em tudo o que faz, da mesma maneira devemos ter sempre Jesus em mente em tudo o que fizermos. Infelizmente muitas pessoas declaram crer em Cristo, mas vivem como se ele não existisse.

 

Em segundo lugar, devemos crer em nosso coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos. Se cremos que Jesus ressuscitou, igualmente creremos que seremos ressuscitados, e que o mesmo sucederá a um parente ou uma pessoa querida que faleceu com Cristo. Assim, nada de ficarmos prolongando lamentações por essas pessoas por anos e anos; sofreremos e choraremos no momento da perda, após o que olharemos para a frente, pensando no Reino que há de vir, quando então todos os salvos hão de ser ajuntados para servir ao Senhor Jesus.

 

Verso 11: Pois a Escritura diz: "Todo aquele que nele crê não será envergonhado."

Toda pessoa que se pauta pela justiça da fé não será envergonhada no Grande Dia, no momento em que for instaurado o Tribunal de Cristo. Deus é fiel, ainda que sejamos infiéis ele permanece fiel.

 

Versos 12-13: Porque não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. Porque: "Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo."

 

Deus não faz acepção de pessoas; não nos trata com leviandade. Não há prediletos aos olhos do Pai, assim como Ele não distingue os judeus dos gregos. Um pastor, um diácono, um presbítero ou qualquer obreiro não são mais benquistos que o irmão mais simples e humilde da congregação, pois todo aquele que invocar o nome do Senhor, seja quem for, será salvo.

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