Não delegue decisões
Não delegue decisões
Texto base: Provérbios 16:1
Verso 1: Do homem são as preparações do coração, mas do Senhor, a resposta da boca.
Esse versículo significa muito para todos nós que nos dizemos cristãos, pois o cristão, enquanto seguidor de Cristo, é aquele que almeja assemelhar-se a Ele: Paulo nos disse para sermos seus imitadores como ele o era de Jesus; Deus expressamente declarou a seu povo para ser santo assim como Ele é santo. De fato, esse trecho bíblico nos instiga a agir, impedindo que fiquemos de braços cruzados esperando pela providência do alto.
Quando se afirma Do homem são as preparações do coração, o escritor, movido pelo Espírito Santo, incumbe a nós a tarefa de agir, como se nos dissesse: Eia, vamos! Levante-se! Faça algo! Pare de esperar e comece a agir! Constitui-se atitude bastante temerária estabelecer padrões pormenorizados descrevendo a maneira pela qual Deus age, Ele não costuma seguir receitas, e uma leitura um pouco mais insistente das Sagradas Escrituras, passando por vários livros, deixa a entrever isso. Particularmente, tenho a sensação de que o Altíssimo quer que ajamos, que procuremos fazer as coisas.
Para minimamente corroborar essa impressão que tenho, poderia citar o encorajamento a Josué (Josué 1:5-9), a pessoa que iria substituir Moisés como líder do povo hebreu até adentrar à Terra Prometida. Talvez sejam as palavras de ânimo mais contundentes de toda a Bíblia! Uma leitura detida, porém, suscita algumas questões: Por que Deus, que queria tanto que Josué fosse forte e corajoso, não levantou alguém que tivesse previamente essas qualidades? Caso não houvesse ninguém, o Todo-Poderoso não poderia ter incutido em Josué essas características? A resposta a essa pergunta é um sonoro sim, haja vista que nada é impossível para o Altíssimo – com efeito, ao ser escolhido como aquele por meio de quem Deus iria libertar o povo da escravidão no Egito, Moisés disse ao Senhor que ele não possuía as habilidades necessárias para assumir esse posto, visto não ser suficientemente eloquente; no entanto, Deus, retoricamente, perguntou-lhe quem criou a boca do homem, ou quem fez o surdo, o mudo ou o que fala, querendo dizer-lhe que Ele o iria prover do que fosse preciso. Em verdade, creio houve essa infusão de qualidades, porém por via do trabalho conjunto com Josué.
Por algum processo que não conseguimos compreender em sua integralidade, Deus parece trabalhar em conjunto conosco: Josué, para guiar o povo de Israel, deveria se empenhar em atingir as qualidades e características que Deus estava exigindo dele; porém, como qualquer ser humano, ele era falho, imperfeito e impotente de alcançar tudo mediante o próprio esforço. Assim, o mais importante não era a competência do líder hebreu em atingir os requisitos, mas a sua intenção e desejo de chegar a eles. Essa intenção e esse desejo ardente, aliados, fizeram com que Deus, em sua infinita misericórdia, agisse em favor de Josué, capacitando-o para ser o líder que foi para aquele numeroso povo.
Em resumo, Deus quer que assumamos uma posição de combate; somos Seus soldados, e, enquanto tais, não podemos fugir da guerra. A indecisão, o medo, as incertezas e os receios são indícios claros de que a nossa fé no Criador é frágil, e não receberemos qualquer coisa sendo inconstantes como a onda do mar, que é levada de uma parte para outra pelo vento (Tiago 1:6-7).
A outra parte do versículo, contudo, faz-nos uma dura advertência: Mas do Senhor vem a resposta da boca. Se não tivermos isso em mente, o ímpeto para agir pode incutir em nossa mente o sentimento de autossuficiência, algo absolutamente abominável por Deus. Nosso Pai Celestial quer que sejamos filhos ativos e proativos, mas, ao mesmo tempo, completamente dependentes Dele.
Muito embora pareça paradoxal, a verdade é que não é. Tudo o que fizermos de bom, toda boa dádiva, tudo o que é agradável e proveitoso deverão ser entendidos como provenientes do Céu. Isso não será difícil se compreendermos que Deus não é uma realidade externa e separada de nós, mas, conforme disse Paulo, no Altíssimo vivemos, nos movemos e existimos (Atos 17:28).
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