Qual o papel das boas obras na vida do cristão?

Está-nos claro que não é por obras que alcançamos a salvação. Este é um presente de Deus, um favor imerecido, pois antes estávamos mortos em pecados e delitos (Efésios 2:1). Ela é alcançada mediante a fé em Cristo Jesus – sabemos que o conceito bíblico de fé é muito mais denso e significativo que o senso comum indica.

Isto posto, voltemos à questão. No tocante a isso, alguns mestres na Palavra de Deus afirmam que a salvação pode ser pensada como uma locomotiva, ao passo que as obras seriam os vagões por ela puxados. Esta concepção se baseia em Efésios 2:10: Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.

Vê-se que as boas obras não são o meio para a salvação, mas o resultado dela. De fato, uma vez aceitos por Deus através do Senhor Jesus, somos destinados para a prática das mesmas. Isso é mais facilmente compreendido se pensarmos na conversão como um processo espiritual pelo qual passamos com o recebimento do Espírito Santo, o qual nos convencerá do pecado, da justiça e do juízo.

Ao nos convencer do pecado o Espírito nos apontará o que desagrada e confronta a vontade de Deus. No tocante à justiça, esse mesmo Espírito coloca em nosso coração o desejo de professar a fé em Cristo, apregoar o evangelho e assistir os necessitados, em suma, realizar as boas obras. Quanto ao juízo, temos a nossa alma impressionada sempre quando necessário pela expectação do juízo a condenar todos quantos rejeitam a condição de estar debaixo da autoridade do Pai.

Em um ato de rebelião contra o Criador, podemos de livre vontade recusar a ouvir o Espírito que passou a fazer morada em nós após a conversão: Desconsiderando as advertências de ilicitude quanto às nossas práticas, diminuindo o ímpeto para a realização da caridade e negligenciando os avisos de juízo vindouro. É por isso que se diz em Hebreus 3:7: Portanto, como diz o Espírito Santo, se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais o coração, como na provocação, no dia da tentação no deserto […].