A Guerra Espiritual
Texto base: Efésios 6:12-18
Certa vez li uma matéria da Folha de São Paulo relatando algumas movimentações nada usuais de uma igreja evangélica de São Paulo. As atividades descritas basicamente consistiam no recrutamento de jovens daquela denominação para formar uma espécie de Exército de Deus: Trajando vestimentas que em parte remetiam às Forças Armadas, enfileirados marchavam e gritavam palavras de ordem. Não posso dizer exatamente qual propósito suscitou essa ação porque o repórter, mais interessado em escarnecer que perscrutar as reais motivações, não se dignou a focalizar esse aspecto. Não obstante o jeito espalhafatoso apresentado por essa tal denominação, deveras há uma guerra espiritual em vigor, da qual precisamos não apenas ter ciência como sobretudo saber de que modo lutá-la. Vejamos o que a Palavra de Deus tem a nos ensinar:
Verso 12: Porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.
Decorre claramente deste versículo que a nossa luta não é contra pessoas, sejam elas meras descrentes ou promotoras dos mais ferozes ataques à Igreja de Cristo. Não guerreamos contra carne e sangue, mas contra seres, entidades e poderes espirituais.
Como consequência direta dessa asserção, devemos mudar nossa maneira pela qual encaramos as pessoas que não querem o nosso bem. Em muitas ocasiões na Bíblia encontramos exortações a que sejamos bons e pacientes para com todos, que não retribuamos mal com mal, que amemos a todos e não apenas nossos amigos, que oremos pelos que nos querem mal. De fato, Deus não faz acepção de pessoas; o mesmo Sol que nasce sobre justos nasce sobre os injustos. Além disso, Deus não tem prazer na morte do ímpio, mas em que ele se converta. Enfim, são numerosas as passagens nos comissionando a tratamos com amor a todas as pessoas.
A bem da verdade, não temos uma compreensão plena e exata acerca do sentido e amplitude empregados por Paulo quando escreveu esse excerto: O que são os principados, as potestades, as hostes espirituais, e o que ele quer significar quando fala lugares celestiais? Seja como for, podemos imaginar, suportados por várias passagens bíblicas, que os nossos inimigos espirituais estão aqui, maquinando intentos e influenciando pessoas para os por em prática, levando opressão e sofrimento, rodeando a todos esperando tragar o máximo que lhes for permitido.
Verso 13: Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.
Paulo nos exorta a nos vestirmos da armadura de Deus a fim de possamos resistir quando formos atacados, afligidos pelo furioso Maligno. Subentende-se do versículo que essa armadura nos permitirá fazer tudo o que é preciso não para literalmente derrotar o inimigo – pois isso não está expresso – mas para ficarmos firmes. Que armadura é essa da qual devemos lançar mão? Ele enumera cada uma de suas partes constituintes a seguir e explica sua função.
Verso 14: Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça.
Em outras palavras, que estejamos vestidos com a verdade e com a justiça; estas são as partes que recobrem nosso corpo. Uma conduta íntegra e justa, postura requisitada em todo cristão, constitui uma das partes da armadura que irá nos manter firmes durante a diuturna guerra espiritual.
Verso 15: E calçados os pés na preparação do evangelho da paz.
Estejamos sempre aptos e dispostos para apregoar o Evangelho, as boas novas que trazem a paz. Que estejamos preparados e de boa vontade para falar de Cristo, de sua obra na cruz e da vontade de Deus.
Verso 16: Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.
A fé em Deus é o nosso escudo; é através dela que permanecemos quietos, calmos e em paz por saber que Deus é conosco, que Jesus está e estará ao nosso lado até a consumação dos séculos. É mediante a fé que suportamos com paciência as tribulações, pois sabemos que embora sejam maquinadas e executadas pelo inimigo, Deus as usa para o aperfeiçoamento de nosso caráter, para a edificação espiritual e crescimento em Cristo.
Verso 17: Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus.
Guardando a nossa mente esteja o capacete da salvação. Nenhuma outra coisa pode estar em nossa cabeça além da salvação; este deve ser o grande objetivo, o propósito de nossas vidas. Retiremos todas as ambições materiais e pessoais que não estejam de acordo com os desígnios divinos. Busquemos ao Senhor em primeiro lugar, todo o resto nos será acrescentado conforme a boa, agradável e perfeita vontade do Pai.
O outro elemento da armadura necessária para ficarmos firmes durante as lutas é a espada do Espírito, a palavra de Deus. Reparemos que este é o único elemento verdadeiramente de ataque, tendo sido inclusive empregado por Jesus quando tentado no deserto por Satanás.
Verso 18: Orando em todo o tempo com toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos os santos.
Ao lado da armadura está a oração. Devemos orar o tempo todo; devemos, ademais, ser vigilantes nisso, isto é, nessa prática de contínua oração, para que não prevariquemos nessa obrigação. Com perseverança oraremos não apenas por nós e nossos entes, mas também por todos os santos.
Concluímos reafirmando a realidade da guerra a ser travada e que o embate não é contra pessoas, mas contra espíritos malignos. O modo pelo qual a lutamos não consiste da profissão de palavras de ordem nem tampouco por via de mobilização outra que não tem outro resultado senão o regozijo da carne, mas por meio das formas corretas listadas pelo apóstolo nesse excerto que analisamos.
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