João pinta o quadro de um cristão
Texto base: Apocalipse 1:9
Eu, João, que também sou vosso irmão e companheiro na aflição, e no Reino, e na paciência de Jesus Cristo, estava na ilha de Patmos, por causa da palavra de Deus e pelo testemunho de Jesus Cristo.
Relatos históricos e bíblicos nos contam que, dos doze conhecidos apóstolos escolhidos pelo Senhor Jesus para segui-lo e disseminar o evangelho, apenas João morreu em idade avançada e por causas naturais. João é conhecido como o discípulo do amor; como aquele a quem Jesus amava; aquele que estava recostado no peito do Senhor no momento da última ceia antes da crucificação. João foi o afortunado por ter visto, antes de morrer, conforme o próprio Jesus havia predito em Mateus 16:28, o Filho do Homem no seu Reino.
A revelação sobre as coisas que iriam acontecer nos últimos dias – e por últimos dias devemos entender como um termo técnico que tem início com a ascensão de Jesus aos céus, e não apenas como os últimos dias dos últimos dias antes do grande retorno – foi dada a João e compiladas, ou seja, reunidas, neste último livro da bíblia de nome Apocalipse. A importância de seu estudo, análise, e exegese em todas as igrejas cristãs é estampada desde os seus primeiros versos, quando se diz bem-aventurados serem aqueles que leem e ouvem as suas palavras. Lamentavelmente, esta declaração é negligenciada de forma descarada por muitos pastores e pregadores nossos.
No tocante ao excerto que destacamos, nos debruçaremos sobre quatro pontos que entendemos de notória relevância para os cristãos dos dias de hoje, quando as igrejas que se autodenominam evangélicas estão abarrotadas de pessoas que buscam a Deus enquanto solucionador geral de problemas.
1º. João se apresenta como nosso irmão. Do ponto de vista celestial, ou seja, aos olhos de Deus, todos aqueles cujos nomes estão inscritos no livro da vida fazem parte de uma e mesma família. Há um só Pai; todos os demais são seus filhos. Todos os filhos de Deus são irmãos uns dos outros; e por ser uma única família, quando um sofre, sofrem todos juntos. Ao conclamar a unidade, o apóstolo deseja que coloquemos em prática aqui na terra o que ocorrerá no céu: Que sejamos mais próximos e mais preocupados uns com os outros, e estejamos prontos a ajudar da mesma forma como ocorre nas relações de sangue.
2º. João é nosso companheiro na aflição e no Reino. Ao afirmar nos acompanhar na aflição, o apóstolo deixa subentendidas pelo menos duas verdades: Primeiro, que nós, enquanto cristãos, sofremos, somos afligidos pelas dores as mais variadas, desde as decorrentes de açoite físico, perseguições, calúnias, aos conhecidos flagelos da alma, enfermidades psíquicas. Este é o retrato do cristão: Alguém que não está isento do sofrimento, não obstante cultive uma esperança inabalável na redenção. Em segundo lugar, João quer-nos dizer que, do mesmo modo que padecemos, ele também padece; mostrando que nem mesmo um apóstolo de Cristo, aliás, nem mesmo o apóstolo que se regozija em ser chamado aquele a quem Jesus amava, estava livre da dor. Hoje em dia quase somos tentados pela petulância em levantar a voz aos céus para blasfemar contra Deus quando estamos passando pelo estreito. Mas se aqui padecemos, assim João como nós, ele também será nosso companheiro no Reino, onde não haverá pranto nem dor, angústia ou tristeza, mas plena comunhão com o Senhor Jesus.
3º. João é nosso companheiro na paciência de Jesus Cristo. Ter paciência é saber esperar, é manter a calma mesmo que tudo pareça desandar. A paciência de Jesus Cristo apenas advém pela confiança no Senhor em cumprir o que prometeu: Estar conosco desde agora até a consumação dos séculos. É perseverar na fé e jamais desanimar, pois Deus é soberano sobre todas as coisas, está acima de todos os acontecimentos. Assim como João era paciente nas aflições, nós também devemos ser.
4º. João estava na ilha de Patmos por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus Cristo. Parte dos últimos anos de vida de João se deu numa prisão localizada na ilha de Patmos. Debaixo de Sol escaldante, era obrigado a subsistir em situação degradante e realizar trabalhos forçados. O apóstolo foi preso por apregoar o evangelho, a palavra de Deus, e falar acerca do Senhor Jesus às pessoas. Atualmente, graças ao bom Deus, no Brasil não estamos sujeitos a sofrer represálias do Estado por professarmos a fé; mesmo assim, nos queixamos quando somos destratados por uma ou outra pessoa em razão de nossa fé, ou esquivamos de muitas oportunidades de falar de Cristo.
João nos mostra, através do seu exemplo, que a vida cristã não pode, de maneira alguma, ser entendida como o desfrute de interminável bonança; mas deve, isso sim, ser movida pelo único desejo coerente com o chamado: Atingir o alvo que não é outro senão Cristo.
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