A Primazia de Deus
Texto base: Malaquias 1:6
A primeira parte do livro do profeta Malaquias, na qual está inserido o verso que analisaremos, trata do pouco caso que o povo israelita fazia de Deus àquela época.
Verso 6: O filho honrará o pai, e o servo, ao seu senhor; e, se eu sou Pai, onde está a minha honra? E, se eu sou Senhor, onde está o meu temor? – diz o Senhor dos Exércitos a vós, ó sacerdotes, que desprezais o meu nome e dizeis: Em que desprezamos nós o teu nome?
Deus, em sua infinita bondade e abundante misericórdia, ao perceber que o seu povo não o venerava como antes, ao notar que havia saído do centro das atenções daqueles que desde o ventre haviam sido escolhidos – pois, enquanto descendentes de Jacó, foram amados em detrimento de Esaú, patriarca do o povo edomita – como um pedinte que roga por ajuda, como alguém que, por precisar do outro, humilha-se a si mesmo buscando receber o que tanto deseja, vai em direção a Israel para perguntar por qual razão ele estava sendo tratado com tanto desprezo.
Se vocês me chamam de Pai, clama Deus, onde está a minha honra? Se eu sou o Senhor de vocês, por que não me temem? Por que deixaram de me honrar e de me temer? Por que estão fazendo pouco caso de mim? E as indagações não param por aqui. Às pessoas de hoje, Deus pergunta: Se vocês se dizem cristãos, por que não seguem a Cristo? Se vocês se acham os justos de sua época, por que não praticam a justiça?
Em um primeiro momento poderíamos pensar que esse desleixo na forma de servir ao Altíssimo fosse uma atitude deliberada, proposital e consciente do povo. Mas, prosseguindo a leitura, percebemos que aqueles a quem Deus falava manifestam perplexidade diante das repreensões. Quando questionam Em que desprezamos nós o teu nome? eles dirigem a Deus uma pergunta evidentemente sincera, pois não iriam querer enganar aquele que sonda os corações. Se ponderarmos que o profeta Malaquias realizou o seu ministério a um povo que poucos anos atrás havia regressado do cativeiro da Babilônia, compreenderemos que, devido às restrições religiosas existentes no estrangeiro, não cultuavam ao Senhor com liberdade nem encontravam um local propício para meditar adequadamente sobre a Palavra. Em síntese, a mensagem de Malaquias foi entregue a um povo cujo conhecimento de Deus e de suas vontades era demasiado precário.
Algo, porém, pior, tem lugar nos dias atuais. Vivemos em um país que não proíbe a realização de cultos religiosos, nem tampouco a profissão de fé; temos liberdade para estudar a Palavra, e inúmeros são os materiais de apoio à compreensão da bíblia – vídeos na internet existem aos montes assim como textos explicativos de passagens específicas, afora o amplo acervo de livros com temática cristã. Não obstante tudo isso, chamamos a Deus de Pai mas não o honramos como tal; declaramos que Ele é o Senhor, nosso único senhor, no entanto nosso temor a Ele não é o maior que carregamos conosco.
Mas alguém poderá dizer: É claro que honramos a Deus como Pai! Não, infelizmente não. Quantas vezes deixamos de fazer algo por Deus para fazer pelos outros? E não me refiro, com isso, às boas ações, como obras de caridade ou o cuidado que dispensamos à nossa família, pois quem faz essas coisas as faz a Deus. Refiro-me, por exemplo, às vezes em que preferimos ir a uma festividade em detrimento de cultuar o Senhor; quando optamos por assistir a um jogo de futebol a fazer um estudo da Palavra com os irmãos. Do mesmo modo, são poucas as ocasiões em que tratamos a Deus como o Senhor sobre nossas vidas. Com efeito, quantas vezes deixamos de fazer algo para Deus e por Deus por receio de não sermos bem recebidos, ou ouvidos de boa vontade, ou mesmo sermos alvos de críticas de uns poucos? Tememos muito mais as pessoas que ao Senhor, enquanto a bíblia nos ensina que não devemos ter medo de quem mata o corpo e depois não sabe o que mais fazer com ele, mas devemos temer aquele que, além de matar o corpo, tem poder de jogar a alma no inferno. Todas as vezes que ficamos inquietos, perturbados, com um evento futuro, que pode ou não acontecer, saímos de debaixo do senhorio de Deus, pois diminuímos a extensão de sua soberania sobre nossas vidas. Desacreditamos pelos menos duas verdades bíblicas: Todas as coisas concorrem para o bem dos que amam ao Senhor, e nada acontece sem que Ele o tenha permitido.
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